O que são as emendas RP5? Relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias avalia adiar discussão para 2024
Emendas parlamentares de liderança, ou emendas RP5, são uma nova modalidade sugerida pelo relator da LDO, deputado Danilo Forte; elas receberiam os recursos do antigo 'orçamento secreto'
O relatório final da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) deve ser apresentado pelo deputado Danilo Forte (União Brasil-CE) até terça-feira pela manhã. Nos dias que seguirem à entrega, ele precisará decidir se articulará ou não com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e com os líderes partidários a criação de uma quarta modalidade de emenda parlamentar — trata-se da RP5. A expectativa, contudo, é que a discussão seja adiada para 2024 e incluída apenas no orçamento de 2025.
A possibilidade de criar a emenda dedicada ao repasse de recursos para bancadas partidárias e o controle dos valores pelos próprios líderes foi sugerida por Forte em diálogo com os parlamentares durante a produção do relatório no âmbito da Comissão Mista de Orçamento (CMO). Ele admitiu em 7 de novembro, após a aprovação do relatório preliminar, que a nova emenda constaria nas diretrizes orçamentárias, a base para a produção da Lei Orçamentária Anual (LOA), responsável por discriminar os gastos e as receitas da União para o ano seguinte.
Na ocasião, Forte indicou que a emenda não seria impositiva, ou seja, o governo Lula (PT) não seria obrigado a pagá-la, e os recursos seriam distribuídos conforme o tamanho das bancadas; os partidos com maior representatividade no Legislativo, PT e PL, receberiam a maior fatia.
O desejo dos parlamentares de criar a RP5 nasce do interesse dos líderes em controlar o orçamento público a partir da definição dos valores repassados pelo Executivo e do cronograma de liberação. Hoje, esses recursos são integralmente controlados pelo Governo Federal, que decide quando irá liberá-los para usá-los como trunfo em negociações importantes. No primeiro semestre deste ano, por exemplo, às vésperas da votação da reforma tributária na Câmara, a presidência liberou cerca de R$ 5,3 bilhões em emendas.
Outro personagem importante nesta questão é o presidente Arthur Lira, contrário à RP5. Ele orientou que, ao invés de buscar a criação de uma nova emenda, os líderes pressionassem o governo para engordar a fatia do orçamento destinada às comissões temáticas, torná-la impositiva e elaborar um cronograma de repasses.
Em meio à disputa de interesses, o relator Danilo Forte se reuniu com o líder do governo no Legislativo, senador Randolfe Rodrigues (Sem partido-AP), com os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, no Palácio do Planalto, nessa quinta-feira (16). Após o encontro, Forte admitiu que o debate sobre as emendas RP5 pode ser adiado.
“Acho que esse debate tem que ser feito no parlamento. Entendo a RP5, inclusive, como uma evolução. Mas, é lógico que eu não faço o orçamento sozinho. É uma ideia que estava sendo discutida, inclusive por alguns parlamentares e a equipe técnica da Comissão Mista de Orçamento”, afirmou. “Mas, logicamente, nós vamos ouvir o presidente da Casa [Arthur Lira] e os líderes das bancadas para haver um entendimento mais claro”, ponderou.
Os recursos bilionários destinados à RP5 viriam do antigo 'orçamento secreto' — as 'emendas de relator' ou RP9 — considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no ano passado por falta de transparência com os critérios de distribuição. O valor antes destinado a essas emendas foi entregue aos ministérios, que mantiveram o padrão de liberação dos recursos como moeda de barganha do governo. Com a RP5, o saldo bilionário seria entregue aos líderes parlamentares.
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