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Apaixone-se por si mesmo

'Se você não souber quem é, quais os seus desejos, as suas frustrações, tenderá a ver as pessoas e as coisas de modo obtuso'

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Padre Samuel Fidelis, e o Momento de Fé da Itatiaia

Você já deve ter escutado por aí que o conhecimento é a riqueza mais importante. "conhecimento é algo que ninguém tira". Essa expressão faz todo sentido, sobretudo na era da informação. Em tempos de dados, de incertezas, de fake news e de futilidades, saber sobre as coisas é fundamental.

Acontece que, às vezes, a gente ignora que o autoconhecimento é o saber mais importante. Há pessoas que sabem de tudo, mas ignoram a si mesmas. Há gente que tem opinião para tudo. É "sal para todo prato". Como se diz: "em tudo se mete", mas é estranha a si.

Não é à toa que a frase que marca o início da filosofia é: Conhece-te a ti mesmo. Essa expressão tomada por Sócrates significa que se você não souber quem é, quais os seus desejos, as suas frustrações, tenderá a ver as pessoas e as coisas de modo obtuso, embaçado...

Somos uma sociedade da pose e da imagem. Eu diria, que, talvez por isso mesmo, tenhamos pouca identidade. Opinamos sobre tudo e todos, mas seguimos desconhecidos a nós. Talvez por isso sejamos tão rápidos em julgar, cancelar, condenar. Quem se conhece, se sabe fraco, realmente tem noção do quanto custa ser bom (por que às vezes a vontade é sufocar...), não se leva muito a sério...

Nós somos estranhos a nós. E é por isso mesmo que no coração do Evangelho de Mateus, que é o Sermão da Montanha, Jesus interpela: "como podes dizer ao teu irmão: deixa-me tirar o cisco do teu olho, enquanto no teu há uma trave?" Mt 7,5. Perceba: o Cristo alerta que temos que ter sob suspeita o olhar que temos sobre os outros, e sobre as coisas. O primeiro movimento, no ímpeto de uma crítica, deve ser para dentro de si.

Hoje se fala Mindfullness, inteligência plena, coaching. Tudo isso é muito positivo, aliás, mas a gente não pode esquecer do óbvio: saber quem somos.

Todos temos nossas meias verdades. Como faz notar Kafka: "não há nenhum homem que não tenha mentido muitas vezes e com razão". Agora, eu diria que, de todas as mentiras, a que podemos contar a nós mesmos é a mais danosa. É porque com o passar do tempo, a gente se acostuma e passa ao não saber mais o que é verdade e o que é autoilusão.

Somos a sociedade do post e da imagem. Mas que a gente não se engane: a foto, o feed é o fazemos para caber no olhar o do outro. É somente na solidão (ou solitude) descabelados, sem aplauso ou testemunhas que a gente se expande. Aliás eu diria: só convive bem como o outros quem se sabe sozinho. Do contrário, sobra julgamento, crítica. A gente não ama, suga...

Tenha tempo para espiritualidade. O contato com Deus nos esclarece. Imagine, sonhe, voe com seus sentimentos. Se angustie com eles. Quando "o sentir" for um desconforto, chore um pouco, mas sobretudo sorria, desdenhando do que te faz sofrer. Zombar das feridas é a grande missão da felicidade!!

Nada em ti exagera, ignora ou exclui. Aprecie a si mesmo. Seus versos, seus avessos. Que nada do que vir em ti de humano te escandalize. E, sobretudo, sobretudo, não se esqueça do que dizia Óscar Wilde: "apaixonar-se por si mesmo é a única forma de amor permanente".


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