Governo intervém, e produtora será obrigada a permitir entrada com garrafas de água após morte de fã de Taylor Swift

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, determinou neste sábado (18) à tarde a publicação de uma portaria que obrigará as produtoras a permitirem o acesso de fãs com garrafas de água a espetáculos no Brasil. A medida também determinará que essas empresas ofereçam água gratuita em 'ilhas de hidratação' nas apresentações com 'alta exposição ao calor'. Dino indicou que a portaria está em vigor, e a polícia poderá ser usada por estados e municípios para garantir o cumprimento da ordem.

A intervenção do governo ocorre após a morte da fã Ana Clara Benevides, de 23 anos, que sofreu uma parada cardiorrespiratória durante a apresentação da cantora Taylor Swift, no Estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro, nessa sexta-feira (17) à noite. O Corpo de Bombeiros registrou mais de mil desmaios antes e durante o espetáculo. Uma combinação trágica de calor extremo, com sensação térmica próxima a 60ºC, e dificuldade de acesso à água criaram as condições que levaram à morte da estudante e à indisposição generalizada no Engenhão.

Apesar da onda de calor que assola o Brasil, a produtora da turnê de Taylor Swift no Brasil, Time 4 Fun, proibiu que os fãs entrassem com garrafas de água no estádio. Há ainda relatos de que o acesso à água era escasso no Nilton Santos. A situação foi tão crítica que a artista interrompeu o espetáculo para pedir à produção água para os fãs.

Após o ocorrido, o Ministério da Justiça determinou que sejam identificados e punidos os responsáveis pela falta de acesso à água na apresentação internacional. “É inaceitável que pessoas sofram, desmaiem e até morram por falta de acesso à água”, escreveu Flávio Dino nesta manhã. Deputados federais também se movimentaram diante das denúncias e da morte de Ana Clara Benevides. Erika Hilton (Psol-SP) e Sâmia Bomfim (Psol-SP) notificaram o Ministério Público Federal (MPF). “Pela responsabilização e medidas cabíveis na garantia da segurança e dos direitos dos fãs nos shows”, publicou Sâmia em uma rede social. “Vejo como criminosa a proibição que o público entrasse com água”, escreveu Erika Hilton. “A hidratação é essencial durante uma onda de calor como a que estamos enfrentando e não pode ser vista como fonte de lucro. Mas, infelizmente, a T4F [Time 4 Fun] não compartilha dessa visão”, acrescentou.