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Copa do Mundo feminina: por que vários países podem ficar sem sinal

Itatiaia revela quantos territórios já compraram os direitos de transmissão, bem abaixo do esperado; Fifa cobra que grandes mercados paguem mais

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Seleção brasileira feminina estreará na Copa contra o Panamá, dia 24 de julho, em Adelaide

A Fifa vendeu os direitos de transmissão da Copa do Mundo feminina de futebol 2023 para 156 países até este momento, segundo documento ao qual a Itatiaia teve acesso.

O torneio será disputado entre 20 de julho e 20 de agosto na Austrália e na Nova Zelândia e hoje estaria no escuro, ou seja, sem qualquer tipo de transmissão em cinco mercados gigantes da Europa: Itália, Espanha, França, Alemanha e Inglaterra. O Brasil terá transmissão pelo Grupo Globo e pela Cazé TV, canal do streamer Casimiro Miguel no Youtube.

Como comparativo, a Copa do Mundo masculina de 2022, disputada no Qatar, foi a vista em mais lugares da história, em 225 territórios, superando os 223 do Mundial de 2014, no Brasil. Já a última Copa feminina, a de 2019, na França, teve 1 bilhão de espectadores, segundo dados da federação internacional.

Mas o que está acontecendo? O presidente da Fifa, Gianni Infantino, voltou nesta terça-feira (2) a reclamar dos valores oferecidos pelas empresas de comunicação para a compra dos direitos de transmissão da Copa feminina.

" As ofertas das emissoras, principalmente dos países europeus 'Big 5' [Inglaterra. Alemanha, Espanha, França e Itália], ainda são muito decepcionantes e simplesmente inaceitáveis com base em quatro critérios", disse Infantino.

Segundo o dirigente, esses são os critérios:

  1. 100% de qualquer taxa de direitos paga iria direto para o futebol feminino, no movimento da Fifa de promover ações em prol da igualdade de condições e remuneração;

  2. As emissoras públicas, em particular, têm o dever de promover e investir no esporte feminino;

  3. Os números de audiência da Copa do Mundo Feminina são de 50% a 60% os da Copa do Mundo masculina, mas as ofertas das emissoras nos 'Big 5' dos países europeus são de 20 a 100 vezes menores do que a masculina;

  4. Enquanto as emissoras pagam de US$ 100 milhões a US$ 200 milhões pela Copa do Mundo masculina, elas oferecem apenas de US$ 1 milhão a US$ 10 milhões pela Copa do Mundo feminina.

Isso é um tapa na cara de todas as grandes jogadoras da Copa feminina e, na verdade, de todas as mulheres do mundo

O raio-X da transmissão da Copa feminina

O documento ao qual a Itatiaia teve acesso mostra que, na Europa, a Fifa fechou acordo com a União Europeia de Radiodifusão, que tem como principais membros emissoras públicas e privadas de serviço público de mais de 50 países, incluído também o norte da África e o Oriente Médio. A empresa distribuiu a emissoras de 28 países europeus os direitos da Copa, mas nações de menor expressão como Eslovênia, Eslováquia, Montenegro e Moldávia.

Em outros países, como Turquia, Holanda, Polônia e Grécia, a Fifa conseguiu negociar diretamente com emissoras interessadas, mas por valores baixos, apurou a reportagem.

Neste momento, a entidade não pretende liberar as imagens do torneio no Fifa+, seu streaming, a países que não tenham empresas compradoras dos direitos. A Fifa fez isso em 2022 em competições de base feminina, os Mundiais sub-20 e sub-17, quando mais de 220 territórios viram cada um desses torneios, a maioria com sinal de graça no Fifa+.

A entidade tem recebido como resposta do mercado às ofertas baixas dois argumentos:

  1. O fuso horário para a Oceania, sede da Copa, atrapalha. Seleções como Espanha, França, Inglaterra, Itália e Alemanha jogarão no início da manhã ou no meio da manhã (hora local) na primeira fase, considerados muito ruins pelas emissoras por audiência;

  2. Será a primeira Copa feminina com 32 seleções e 64 partidas. O argumento é que o pacote completo de jogos, considerado caro, dá direito a confrontos mais fracos que não despertam interesse dos espectadores.

A Itatiaia apurou que dos cinco países europeus citados por Infantino, o mais próximo de ter os jogos é a Inglaterra, por meio da BBC -- e pode ser um pacote menor, com os confrontos da seleção inglesa, abertura, jogos eliminatórios e final. O que mais preocupa é a Itália e há real chance de partidas não passarem no país se a Fifa não liberar imagens em seu streaming.

"Para deixar bem claro, é nossa obrigação moral e legal não subestimar a Copa feminina. Portanto, se as ofertas continuarem não sendo justas (em relação ao futebol feminino), seremos obrigados a não transmitir para o 'Big 5' países europeus. Convido, portanto, todos os jogadores (mulheres e homens), torcedores, dirigentes de futebol, presidentes, primeiros-ministros, políticos e jornalistas de todo o mundo a se juntarem a nós e apoiarem este apelo por uma remuneração justa do futebol feminino. As mulheres merecem", completou Infantino.

A Fifa define os locais em que negocia seus campeonatos como territórios, e não países, porque em alguns casos as vendas ocorrem para regiões que nem autônomas são. Um exemplo é o departamento francês chamado Reunião, uma ilha no Oceano Índico, em águas africanas, que a Fifa cede separadamente dos pacotes oferecidos para a França.

E no Brasil?

Globo (TV aberta), SporTV e a Cazé TV, canal do streamer Casimiro Miguel no Youtube, por enquanto são os veículos que transmitirão a Copa do Mundo feminina no Brasil. Por enquanto porque ainda há negociação com outras empresas, já que a Globo não tem exclusividade.

Por economia, a Globo fechou um pacote de 32 jogos, portanto não poderá passar o campeonato na íntegra, como faz no masculino. A emissora escolhe aqueles confrontos que quer transmitir, os da seleção brasileira, claro, estarão incluídos.

Ainda não se sabe como será o pacote de transmissão da Cazé TV, mas deve ter os principais encontros, como na Copa do Mundo masculina. A Copa feminina começa no dia 20 de julho, com dois jogos no primeiro dia: Nova Zelândia x Noruega, às 4h (de Brasília), e Austrália x Irlanda, às 7h (de Brasília).

O Brasil está no Grupo D do Mundial, com partidas na Austrália:

  • Brasil x Panamá - 24 de julho - 8h (de Brasília)

  • Brasil x França - 29 de julho - 7h (de Brasília)

  • Brasil x Jamaica - 2 de agosto - 7h (de Brasília)

A Fifa ainda não sabe se transmitirá jogos no Fifa+, seu canal de streaming, como fez na Copa masculina no Qatar, no fim de 2022, somente para o mercado brasileiro.

Nos EUA, uma das forças do futebol feminino, a Copa de 2023 foi vendida para a Fox, em todas as plataformas, para a Telemundo e para o Futbol de Primera, a primeira com imagens, a segunda em rádio, e que atinge o público latino.

Na América do Sul, a Fifa negociou os direitos com uma empresa chamada Nem IP Co, que repassou para mídias locais nos nove países do continente filiados à Conmebol, com exceção do Brasil.

Outro mercado importante para a Fifa, a China terá transmissão pela Beijing Shinai Sports Media Technology, canal público local especializado em esporte.


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