Delegada cercada há 24 horas pela polícia em BH: veja o que se sabe
A mulher está, desde amanhã de ontem, reclusa no apartamento: 'um momento frágil'
Equipes da Polícia Civil foram empenhados até o apartamento de uma delegada de 28 anos, localizado no bairro Ouro Preto, na Pampulha, após ela enviar mensagens com teor de risco à própria saúde em um grupo de amigos e colegas de trabalho. Diante da situação, agentes de apoio se posicionaram no local por volta das 9h desta terça-feira (21) e tentaram manter contato com a mulher, que estava exaltada com a situação.
Ela realizou uma live em seu Instagram mostrando o momento da abordagem e questionou a ação dos policias, dizendo que eles 'não possuíam um mandado para estar ali' e que ela estava se sentindo ameaçada.
Ainda de acordo com a delegada, um disparo foi realizado por ela contra a equipe após eles atirarem nela com um teaser, uma arma de choque, informação confirmada pelo porta-voz da Polícia Civil, delegado Saulo Castro.
A delegada segue dentro de seu apartamento após mais de 24 horas e os policiais do Core e do Biopsicossocial seguem no local tentando manter diálogo e negociar. Ainda conforme o porta-voz, a atuação dos policiais seria com intuito de acolher e preservar a vida da colega.
O que diz a Polícia Civil?
O porta-voz da Polícia Civil, delegado Saulo Castro, relatou que a delegada estava, em um primeiro momento, afastada por 'questões médicas' e que emendou um período de férias. Ela retornaria às atividades nessa terça-feira (21), porém, na data, enviou uma mensagem em um grupo de colegas e amigos que, de acordo com o policial, os integrantes entenderam como algo que poderia trazer riscos à sua saúde.
Diante disso, eles foram até a porta do apartamento dela acompanhados de equipes do Biopsicossocial com o intuito de 'acolher e preservar a colega de uma situação adversa'. Ainda conforme Castro, a conversa não se desdobrou como os policias imaginavam, alegando que a delegada estava exaltada, e acionaram agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core).
"Ela estava exaltada e, diante do cenário de crise, os agentes chamaram a Core para avaliar a situação. Houve esse diálogo, essa negociação [com a delegada], para que a gente chegue no desfecho o mais breve possível. Por isso a situação continua com ela dentro de casa.", explica. Veja nota da Polícia Civil abaixo.
Disparo
O momento mais tenso desse impasse foi registrado no final da manhã dessa terça (22), quando agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE) da Polícia Civil negociavam a entrega de uma arma da delegada.
Na versão dela, dada pelas redes sociais, um dardo tranquilizante teria sido disparado pelos policiais, o que a fez atirar contra eles. O porta-voz da PC confirmou que ela atirou, mas relatou que 'não foi nessa dinâmica' e que o Grupo Tático passaria informações posteriormente sobre a atuação. Ninguém ficou ferido.
Invasão no apartamento
Questionado sobre os planos dos agentes em invadir o apartamento, o Saulo Castro afirmou que se trata de 'decisões técnicas, próprias dos grupos preparados para isso' e que no momento não seria possível afirmar isso. Além disso, ao ser perguntado sobre a origem de 'gritos estridentes' ouvidos no local, respondeu não saber da origem.
"A polícia, desde o primeiro momento, esteve no local para preservar a saúde da colega. A ação da Polícia Civil é no sentido de acolher e agora estamos diante de uma situação de crise", completou.
Denúncia de assédios e transferência
Em suas redes sociais, a delegada teria publicado um comentário na época da morte da escrivã da Polícia Civil Rafaela Drumond, que tirou a própria vida após denunciar casos de abusos na instituição, alegando ser a 'próxima da lista'.
Jucelia Braz, advogada da delegada, relatou ser de 'conhecimento de todos o assédio moral que policiais, principalmente, mulheres, sofrem na Polícia Civil'.
Questionado se conhece as denúncias, o porta-voz alegou não ter conhecimento, e que a colega estava afastada por outros motivos. Além disso, afirmou também não ter informações se ela seria transferida para Conceição do Mato Dentro, na Grande BH, em função das supostas denúncias.
Tratamento da saúde mental
A advogada relatou que a cliente ficou com medo após quatro policiais armados tentarem entrar sem autorização. “Ela está em um momento frágil. Mas em momento algum colocou a vida de qualquer policial em risco. Ela está com medo de sair. Ela quer se resguardar”, disse. Ela ainda afirmou que a delegada faz tratamento psiquiátrico.
Fotos das redes sociais mostram a delegada condecorada pelo governador Romeu Zema (Novo) como a melhor aluna de um curso promovido pela Polícia Civil. Ela também escreveu artigos sobre segurança pública e mulheres delegadas para um livro publicado em 2021.
Veja a nota da Polícia Civil
"Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informa que encontra-se em andamento ocorrência envolvendo uma delegada da instituição, que desferiu disparos com uma arma de fogo dentro de uma residência, no bairro Ouro Preto, em Belo Horizonte, na tarde desta terça-feira (21/11). Não houve feridos e a situação segue sendo acompanhada pelas equipes de negociação da PCMG, com auxílio do Centro de Apoio Biopsicossocial da Polícia Civil, Corregedoria Geral de Polícia Civil, Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu)."
A advogada afirma que o disparo foi acidental. “O que quero deixar bem claro é: ela não está colocando a vida de ninguém em risco, ela não ameaçou ninguém em momento algum. O que aconteceu foi um disparo acidental.”
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