Levantamento revela que 30 brasileiros morreram por dia por causa da Aids no ano passado
Em 2022, Ministério da Saúde registrou 10.994 óbitos; mais de 60% aconteceu entre pessoas negras
O Ministério da Saúde divulgou, nesta quinta-feira (30), um levantamento sobre o cenário da Aids (Síndrome da Imunossuficiência Adquirida) no Brasil. O novo Boletim Epidemiológico sobre HIV/Aids foi disponibilizado na véspera do Dia Mundial de Luta Contra a Aids, comemorado no dia 1° de dezembro.
De acordo com o documento, nos últimos dez anos, o Brasil registrou uma queda de 25,5% no coeficiente de mortalidade por Aids. A quantidade passou de 5,5 para 4,1 óbitos a cada 100 mil habitantes.
Em 2022, o Ministério da Saúde registrou 10.994 óbitos, o equivalente a 30 pessoas por dia. Apesar do número alarmante, ele é 8,5% menor que o computado em 2012, quando 12.019 morreram pela doença.
População negra é a mais afetada
Entre os quase 11 mil óbitos registrados no ano passado, 61,7% foram de pessoas negras (47% em pardos e 14,7% em pretos) e 35,6% de brancas.
De acordo com a pasta, os dados refletem como os determinantes sociais impactam se o paciente terá uma resposta efetiva, ou não, à infecção e à doença. O resultado da análise também prevê a necessidade de focar as políticas públicas em populações esquecidas nos últimos anos.
Ainda segundo o boletim, até 2013 a doença se manifestava majoritariamente em pessoas de pele branca. Nos anos seguintes, houve um aumento da Aids na população negra - que, a partir de 2015, representa mais da metade dos pacientes.
Notificações de AIDS e HIV também é maior entre negros
Entre os casos de HIV (vírus da imunodeficiência humana) notificados pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), 29,9% aconteceram em brancos e 62,8% entre negros (13% de pretos e 49,8% de pardos). Já em relação às 36.753 pessoas notificadas com AIDS, 60,1% são negras.
O Ministério da Saúde informou que adicionou o campo raça/cor, no Cartão Nacional de Saúde do Sistema Único de Saúde (SUS), para guiar políticas públicas de combate ao racismo, redução das desigualdades e promoção da saúde.
Negros acessam menos a Prep
Ainda de de acordo com o boletim epidemiológico, a Profilaxia Pré-Exposição (Prep) - método que consiste em tomar comprimidos antes da relação sexual para preparar o organismo para enfrentar um possível contato com o HIV - é mais acessada pela população branca (55,6%).
Entre os demais pacientes que usam a medicação, 31,4% são pardos; 12,6%, pretos e 0,4%, indígenas. Para o Ministério da Saúde, o dado mostra a necessidade de ampliar o acesso à medicação entre a população preta e parda.
Mais de 1 milhão de brasileiros vivem com HIV
O levantamento estima que um milhão de pessoas vivam com HIV no Brasil. Desse total, 650 mil são do sexo masculino e 350 mil do sexo feminino. Segundo o Relatório de Monitoramento Clínico do HIV, as pessoas do sexo feminino representam piores resultados e desfechos.
Enquanto 92% dos homens recebem o diagnóstico, ele acontece apenas para 86% das mulheres; 82% dos homens fazem uso do tratamento antirretroviral, contra 79% das mulheres; e 96% dos homens estão com a carga viral zerada (sem risco de transmitir o vírus), condição alcançada por 94% das mulheres.
O relatório indica que 81% dos brasileiros com HIV fazem o tratamento antirretroviral. A quantidade recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para controlar a doença é de 95%. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2023, o número de infectados em tratamento aumentou 5% em relação a 2022, totalizando um aumento de 770 mil pessoas.
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