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Descoberta do HIV gerou ‘disputa’ entre cientistas da França e dos EUA; relembre

Franceses ganharam o Nobel de Medicina, mas médico estadunidense também é reconhecido; isolamento do vírus causador da Aids completa 40 anos neste sábado (20)

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Gallo e Montagnier travaram disputa pela descoberta do HIV

Em 20 de maio de 1983, o cientista francês Luc Montagnier e sua equipe do Instituto Pasteur publicaram o primeiro estudo sobre o HIV, vírus que ameaçava o mundo desde o fim da década de 1970 e ainda era um mistério para a comunidade científica. Porém, a descoberta do vírus causador da Aids foi alvo de uma verdadeira disputa que envolveu até os presidentes de Estados Unidos e França.

Neste sábado, o isolamento do vírus HIV completa 40 anos. A data marca a descoberta oficial desse agente infeccioso e impulsionou a busca por um tratamento e por uma cura efetiva (que segue sendo buscada até hoje). A história dessa descoberta envolve viagens transatlânticas, compartilhamento de amostras e até uma “passada de perna” entre autoridades de Saúde.

Disputa pela descoberta

Os cientistas Luc Montagnier (França) e Robert Gallo (Estados Unidos) protagonizaram uma verdadeira disputa na corrida pela identificação do que estava causando a morte de pessoas jovens e aparentemente saudáveis. Com o surgimento dos primeiros casos nos EUA, Gallo começou a investigar, apostando que a doença era causada por um retrovírus.

O francês, que já estudava retroviroses, ficou sabendo dessa hipótese no fim de 1982 e, no ano seguinte, começou a analisar amostras coletadas de um jovem francês que tinha ínguas espalhadas pelo corpo e outro portador de um câncer associado a Aids. Após conseguir enxergar o vírus isolado nas duas amostras e observar suas particularidades, Montagnier e sua equipe publicaram o primeiro estudo sobre o assunto, em maio de 1983.

Enquanto isso, a equipe de Gallo cultivava e estudava amostras nos Estados Unidos, chegando inclusive a desenvolver o primeiro teste para a doença. O estadunidense foi até Paris para comparar seus estudos com os do grupo francês. A ideia era que uma coletiva de imprensa em conjunto anunciasse a descoberta, mas a autoridade de Saúde dos EUA na época se antecipou e anunciou a descoberta como sendo dos Estados Unidos.

A situação deixou os dois governos em saia justa. A solução foi um acordo entre os presidentes Ronald Reagan e Jacques Chirac para que os dois institutos dividissem o dinheiro obtido com os estudos. Os dois cientistas não receberam nenhum valor ou comissão, pois eram funcionários públicos.

A disputa ganhou pontos finais em 2008, quando Montagnier e a virologista Françoise Barre-Sinoussi dividiram o Prêmio Nobel de Medicina pela descoberta do HIV. A dupla agradeceu a honraria e citou Gallo em seu discurso, como “igualmente merecedor” do prêmio. O estadunidense agradeceu a lembrança e aproveitou para parabenizar os dois franceses pela premiação.

Luc Montagnier, que chegou a ser homenageado pelo ex-prefeito de Belo Horizonte, Célio de Castro, morreu em 2022 aos 89 anos. A virologista Françoise Barre-Sinouss tem 75 anos e até hoje trabalha na busca por uma cura definitiva para o HIV. Já Robert Gallo tem atualmente 86 anos e, durante a pandemia, chegou a avaliar vacinas contra a Covid-19.


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