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Entenda o que é e como age a mosca-da-carambola que assombra a fruticultura

Além da Carambola, Bactrocera carambolae se hospeda em outras 29 frutas conhecidas e outras desconhecidas

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A goiaba, além da carambola, é uma das 29 frutas acometidas pela mosca-da-carambola

Ontem (13), o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) declarou estado de emergência fitossanitária para a praga Bactrocera carambolae (mosca-da-carambola) nos estados do Amapá, Amazonas, Pará e Roraima. 

A Itatiaia conversou com a Embrapa Amapá que é a unidade de referência da Embrapa para pesquisas sobre a mosca-da-carambola. São os estudos dessa unidade que subsidiam as decisões do Mapa com relação a normas de controle, combate, fiscalização e etc.

A pesquisadora Cristiane Ramos de Jesus, responsável pelas pesquisas com a mosca-da-carambola,  chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Amapá,  disse que o decreto de emergência do Governo Federal foi muito bem-vindo porque a situação é preocupante porque causa prejuízo a diversas cadeias produtivas da fruticultura.

Ela explicou que a mosca-da-carambola é uma das espécies de mosca-das-frutas e apesar do nome, é uma praga que tem 29 hospedeiros, e não apenas a carambola. Ganhou o nome de mosca-da-carambola porque nos países onde foi identificada pela primeira vez, na Ásia, atacava, principalmente carambolas. Hoje, já se sabe que outras frutas acometidas pelo mesmo mal são a tangerina, a goiaba, a acerola, o caju e a pitanga, só para citar alguns exemplos.

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Os frutos infestados têm seu desenvolvimento afetado e caem precocemente. Outro problema é que as medidas empregadas para o controle da doença aumentam os custos de produção. Os frutos até podem ser ofertados ao mercado, segundo a pesquisadora, mas, depreciados, têm menor valor comercial e suportam menos tempo na prateleira.

A acerola é outra fruta bastante acometida pela mosca-da-carambola

Países fazem sanções sanitárias


Cristiane observa que a presença da praga pode levar a perda de mercados importantes, visto que os países livres da sua presença não importam frutos de regiões frutíferas onde ela ocorre. 

Estima-se que, se a praga ficar fora de controle no Brasil, poderá gerar um prejuízo potencial de US$ 30,7 milhões no ano inicial e de cerca de US$ 92,4 milhões no terceiro ano de infestação. 

Brasil tem 100 espécies de Moscas-das-frutas

As moscas-das-frutas estão entre as pragas mais prejudiciais à produção de frutas brasileiras. O Brasil tem cerca de 100 espécies de moscas-das-frutas. Algumas delas são consideradas pragas quarentenárias, pois os países que importam frutos in natura impõem barreiras para impedir a introdução de espécies exóticas em seus territórios, obrigando os países exportadores a aprimorar suas técnicas de controle das pragas. 

Onde surgiu a mosca-da-carambola?

A mosca-da-carambola (Bactrocera carambolae Drew & Hancock) é originária do sudeste asiático. Foi detectada no Brasil em 1996, em Oiapoque, Estado do Amapá. É considerada uma praga quarentenária A2 para o Brasil (localizada em área restrita no país e submetida a controle oficial), podendo causar grande impacto socioeconômico e ambiental ao se dispersar para outras regiões. 

Características 

A mosca-da-carambola adulta é um inseto com cerca de 8 mm de comprimento. O tórax apresenta coloração negra com listras laterais amareladas. O abdome é amarelado, com listras negras. Os adultos vivem em torno de 30 a 60 dias e atingem a maturidade sexual com 10 dias. Vivem em torno de 30 a 60 dias e atingem a maturidade sexual 10 dias após o nascimento. As fêmeas depositam seus ovos sob a casca dos frutos ainda verdes ou próximos à maturação. As larvas passam por três estágios, alimentando-se da polpa dos frutos. Deixam o fruto no final do 3° estágio, geralmente quando este já está caído no chão. A larva penetra no solo (2 a 7 cm de profundidade), onde se transforma em pupa, permanecendo até a emergência da mosca adulta. Uma fêmea pode produzir de 1.200 a 1.500 ovos ao longo de sua vida. 

Hospedeiros 


A mosca-da-carambola ataca mais de 100 espécies  frutíferas na sua região de origem. No Amapá, sabe-se que a praga ataca frutos carnosos (carambola, goiaba, biribá, acerola, jambo, manga). Certamente existem diversos outros hospedeiros ainda não identificados. No Suriname, país geograficamente próximo ao Amapá, já foram identificadas 20 espécies de frutos hospedeiros. 


Inimigos naturais 


Dentre os inimigos naturais de mosca-das-frutas, os himenópteros parasitóides (vespinhas) se destacam como os mais efetivos. Eles depositam seus ovos dentro das larvas das moscas que infestam os frutos, causando a morte destas. Isto reduz a população de mosca-das-frutas, aumentando a eficiência de outras técnicas de manejo. 

A pesquisadora da Embrapa contou que, quando a praga é diagnosticada, o Mapa dá início ao Plano de Contingência que inclui estratégias como aplicação de defensivos químicos, iscas tóxicas, aniquilação de machos e pulverização de hospedeiros. A princípio, não há necessidade de destruição dos pomares.


Ações preventivas e de controle

  • Não transportar frutas hospedeiras de regiões infestadas para outras regiões, dentro e fora do Estado; 

  • Recolher e enterrar frutas hospedeiras caídas no solo; 

  • Os métodos de controle devem ser planejados e executados para atingir todo o grupo de moscas-das-frutas e não somente a mosca-da-carambola; 

  • Informar órgãos oficiais (SFA, Embrapa, RURAP e DIAGRO), sobre a suspeita de ocorrência da praga; 

  • As pesquisas sobre biologia e ecologia da mosca-da-carambola devem ser incentivadas para que se obtenha mais informações sobre a espécie, subsidiando o planejamento de ações de controle. 



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