Agricultura regenerativa é ‘filha’ da orgânica. Saiba por que
Engenheiro agrônomo explica como surgiu o termo e como sua aplicação pode ajudar produtores rurais a produzirem mais conservando a saúde do solo
Embora seja um termo muito falado ultimamente, o engenheiro agrônomo e analista técnico de formação profissional do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Alexandre de Matos Martins, explica que a chamada ‘agricultura regenerativa’ não é uma corrente de pensamento nova. Ela surgiu na década de 80 com a intenção de aprimorar os princípios da agricultura orgânica que começou a ser difundida 40 anos antes.

O termo foi cunhado pelo americano Robert Rodale, fundador do Rodale Institute, que estudou os processos de regeneração nos sistemas agrícolas ao longo do tempo.
“Podemos dizer que a agricultura regenerativa tem suas bases na agricultura orgânica, com prioridade para as práticas de saúde do solo, a chamada gestão da terra. A ideia é repor o que foi explorado e reconstruir o que foi danificado por meio de práticas de sustentabilidade”, esclarece.
Dessa forma, segundo ele, vai se restabelecendo as características naturais com visíveis ganhos produtivos. “No Senar, tanto por meio dos cursos, quanto das assistências técnicas, temos um cuidado muito grande com esse olhar da sustentabilidade, uma preocupação com a herança que nós vamos deixar para nossos filhos”, disse.
Entenda a diferença?
A agricultura regenerativa vai além da orgânica porque, além de preconizar o uso de defensivos e insumos naturais, também defende a importância de se buscar e preservar a saúde do solo e repor o que foi pedido por má uso ou uso incompleto. "Ela é um complemento a orgânica com um viés mais moderno", diz Alexandre,
Conheça algumas práticas regenerativas:

Rotação de culturas: alternância ordenada, espécies vegetais (culturas) em determinado espaço de tempo, na mesma área e na mesma estação do ano, recuperando o solo.
Cultivo sucessivo: auxilia no controle da proliferação de agentes causadores de problemas fitossanitários.
Adoção de plantas para cobertura do solo, visando a formação de matéria orgânica que reestrutura o mesmo.
Trabalhar com o solo protegido: solos com cobertura de palhada que favorecem a redução da erosão e maior infiltração de água, principalmente em locais de estiagem significante.
Redução de revolvimento de solo: a movimentação provoca erosão, compactação e outros problemas de fertilidade e gastos com combustível e manutenção de máquinas.
Plantio direto: é uma técnica de plantio diretamente no solo sem o revolvimento convencional, e mantendo a palhada existente
Solo em paz com o ecossistema
Todas essas ações, segundo Alexandre, melhoram a saúde do solo, fazendo com que, naturalmente, não haja tanta necessidade do uso de fertilizantes e defensivos. “Elas equilibram o processo produtivo, integrando-o ao meio ambiente. Esse é o foco principal da agricultura regenerativa: produzir de forma correta, cuidar do solo, cuidar meio ambiente, fazendo com que esse esteja em paz com o ecossistema de forma equilibrada”.
Consenso

É consenso entre os especialistas que a agricultura convencional exaure o solo, pressiona os ecossistemas e depende cada vez mais de defensivos químicos, deixando o agricultor em uma situação socioeconômica vulnerável.
Participe do canal da Itatiaia no Whatsapp e receba as principais notícias do dia direto no seu celular. Clique aqui e se inscreva.
Leia Mais
Colunistas
Mais lidas do dia
Av. Barão Homem de Melo, 2222 - Estoril Belo Horizonte, MG
T.(31)21053588
Todos os direitos reservados © 2022 itatiaia.