Santos Dumont: de Patrono da Aviação à Patrono das Cataratas
Graças a Santos Dumont, a região das Cataratas do Iguaçu tornou-se pública, onde seria criado mais tarde, o Parque Nacional do Iguaçu, hoje Patrimônio Natural da Humanidade.
Que Santos Dumont é o Patrono da Aviação, isto muita gente sabe. Mas o que pouca gente sabe é que este mineiro genial é também o Patrono das Cataratas. Isto mesmo, das Cataratas do Iguaçu, o maior conjunto de quedas d’agua do mundo, localizado no Paraná, Brasil e em Misiones, na Argentina, na fronteira entre os dois países.
Esta história começa em 1916, quando Santos Dumont realizou uma viagem por vários países. Depois do seu feito com o 14 Bis em Paris em 1906, ele já era uma celebridade mundial. Primeiro ele foi aos Estados Unidos, depois Chile e finalmente Argentina, ondo resolveu conhecer as Cataratas do Iguaçu; e ficou maravilhado com aquela exuberância natural. Cruzando a fronteira da Argentina para o Brasil, Santos Dumont se hospedou no Hotel Brasil, uma edificação simples, de madeira, construído por Frederico Engel, filho de imigrantes alemães e pioneiro do turismo e hotelaria em Foz do Iguaçu. Foi quando o inventor brasileiro ficou sabendo que as Cataratas eram propriedade particular de um homem chamado Jesus Val, um colono espanhol, de 47 anos. E um detalhe que causa espanto nesta história é que Jesús Val tinha recebido um lote de 1.008 hectares da Colônia Militar para fins agrícolas. E neste lote, que ocupava a margem do rio Iguassu junto aos Saltos de Santa Maria estavam nada menos que as Cataratas.
Ao saber deste fato, Santos Dumont questionou: por que aquele lugar não poderia ser um parque nacional, aberto para todo mundo? E resolveu ir à Curitiba, propor ao então presidente do Paraná, Affonso Alves de Camargo, a desapropriação da área e a criação de um parque. Vale lembrar que nesta época, fazer esta viagem era uma verdadeira aventura. Como não havia estrada em mais da metade do caminho, Santos Dumont foi a cavalo até Guarapuava. A chamada Cavalgada Patriótica durou seis dias, numa trilha seguindo a linha telegráfica, subindo e descendo morros, atravessando área indígena, cruzando pântanos, riachos e pontes precárias. De Guarapuava, ele seguiu de automóvel para Ponta Grossa, na região central do estado e partiu de trem até Curitiba, onde em 8 de maio, foi recebido pelo então presidente do Estado, Affonso Alves de Camargo. Usando sua influência e popularidade, Santos Dumont o convenceu a desapropriar as terras ao lado das Cataratas. Menos de 80 dias após o encontro, em 28 de julho de 1916, era publicado o Decreto 653, confirmando a desapropriação e abrindo as Cataratas a quem quisesse visitá-la.
Mais de 20 anos depois, em 19 de janeiro de 1939, por decreto do então presidente da República Getúlio Vargas era criado o Parque Nacional do Iguaçu. Homenageando seu idealizador, foi instalada a cem metros das quedas, uma estátua de Santos-Dumont em tamanho natural, hoje ponto disputado para fotos e selfies. Coroando o projeto do inventor brasileiro, em 17 de novembro de 1986, as Cataratas do Iguaçu receberam da Unesco, o título de Patrimônio Natural da Humanidade.
Destemido e inovador
Uma passagem curiosa desta história, foi contata nos anos de 1970, por Elfrida Engel Nunes Rios, filha de Frederico Engel, que hospedou Santos Dumont. Ela revelou que o inventor quase matou de preocupação o seu pai e outros guias, na primeira visita de Santos Dumont às Cataratas. Para apreciar melhor aquela paisagem deslumbrante, o aviador foi para a ponta de um grande tronco de árvore, que havia sido arrancado e arrastado por fortes chuvas. De braços cruzados, sem medir consequências, ele apreciava a maravilhosa Garganta do Diabo, deixando paralisados de medo, seus acompanhantes. Quando retornou à terra firme, Frederico Engel lhe advertiu do perigo que correu e Santos Dumont, batendo amigavelmente nos ombros de Frederico, calmamente explicou: “As alturas não me perturbam, não se preocupe”. E em seguida, avisou: “Posso dizer-lhe que essa maravilha não pode continuar particular. Eu vou a Curitiba falar com o presidente, para providenciar imediatamente a expropriação das Cataratas”. Mais uma vez, mostrando que era realmente um homem à frente do seu tempo, ele cumpriu a promessa, nos deixando este legado de preservação e sustentabilidade. E por conta desse acontecimento, Santos Dumont é considerado o padrinho do Parque Nacional do Iguaçu, Patrono das Cataratas.
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