Minas subterrâneas em MG podem colapsar como a da Braskem em Maceió? Entenda

Autoridades e a população de Maceió, em Alagoas, acompanham com atenção o agravamento da situação da mina 18 da Braskem. De acordo com a Defesa Civil da capital alagoana, a estrutura está afundando cerca de 2,6 cm por hora e pode colapsar a qualquer momento. Caso isso aconteça, uma cratera pode se abrir e "engolir" bairros da cidade, além de parte da lagoa Mundaú.

A mina é um dos 35 poços de sal operados pela Braskem em Maceió. As estruturas eram usadas, desde 1976, para extração de sal-gema, utilizado para produção de soda cáustica e Policloreto de Vinila (PVC).

Como acontece a extração em uma mina de sal?

Roberto Galery, professor de Engenharia de Minas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explica como surge uma mina de sal. "A origem geológica dessa mina de sal era um antigo mar profundo. (Ao longo do tempo) a água foi evaporando e o sal que estava dissolvido na água do mar precipitou. Isso formou uma camada espessa de sal, composto pela Halita e a Silvinita", disse.

Segundo o especialista, geralmente, essas estruturas são descobertas a partir de perfurações no solo. "Quando as pessoas fazem as perfurações em busca de petróleo, principalmente na região Nordeste do Brasil, elas acabam encontrando essa camada de Silvinita e começam a explorar através do processo de mina subterrânea", afirma.

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Galery revela que a área de formação da Silvinita é extensa, já que fica em um antigo mar. O professor explica que para extrair o composto é preciso jogar água dentro do poço até dissolver o sal. Depois, o líquido é bombeado para a superfície.

"O que acontece é que esse processo gera um vazio muito grande. O que pode estar acontecendo (em Maceió) é que, ao não preencher esse vazio com nenhum outro material, ele pode gerar depressões no terreno. Essas depressões podem causar problemas, principalmente, em áreas em que foram desenvolvidas cidades", esclarece Galery.

Qual a diferença para as minas de minério de ferro?

Apesar de serem subterrâneas, assim como minas de minério de ferro encontradas em Minas Gerais, as minas de sal são mais suscetíveis a problemas estruturais.

"A mina de sal é muito diferente das que temos aqui em Minas Gerais, que são feitas em uma estrutura de rocha mais consistente. Aqui, a perfuração é feita com máquinas controladas pelo homem. Essas aberturas (no solo) são todas escoradas e protegidas para não ter desmoronamento. A diferença é que uma mina de sal está em uma área muito grande, extensa. Quando você retira o sal, isso gera um vazio. Se não tiver nenhum trabalho de escoramento, elas podem causar um problema muito mais sério", esclarece o professor.

Poços de sal estavam sendo preenchidos

De acordo com a Braskem, em maio de 2019 os 35 poços de sal que eram operados na capital alagoana foram desativados. Desde então, a empresa afirma que vem tomando ações para que o complexo seja fechado definitivamente. A conclusão dos trabalhos estava prevista para 2025.

Segundo a empresa, das 35 cavidades, nove receberam a recomendação de preenchimento com areia. Destas, cinco foram preenchidas, três estão em andamento e uma está pressurizada - o que indica que o preenchimento não será mais necessário.

Em outras cinco cavidades foi confirmado o autopreenchimento. Os outros 21 poços estão sendo tamponados ou monitorados.

A Braskem afirma que as "atividades para preenchimento da cavidade 18 estavam em andamento e foram suspensas preventivamente devido à movimentação atípica no solo".