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Mercado de trabalho no agro está menor, porém mais formal e pagando melhor

Pesquisa do IBGE diz que mercado de trabalho no campo encolheu. Entre 2016 e 2023, foram perdidos 558,0 mil postos. As vagas formais, no entanto, cresceram de forma significativa

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o agro atingiu o maior número de pessoas ocupadas em vagas formais (5,7 milhões) e a maior taxa de formalidade (41,5%) para o segundo trimestre, considerando toda a série histórica disponível, iniciada em 2016.

Apesar de todas as turbulências (crise econômica, greve dos caminhoneiros, pandemia de Covid-19, quebra de safra e guerra na Ucrânia), entre 2016 e 2023, o universo agro foi pouco afetado e, mesmo com quebras de safra ao longo do período, acumulou um aumento na produção de grãos de 34,1% entre os ciclos 2016/17 e 2022/23, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

 De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a pecuária também evoluiu e, no período mais recente, quase não sentiu os efeitos negativos da pandemia em termos de produção, uma vez que foi beneficiada pelo aumento da demanda internacional por carnes brasileiras devido à Peste Suína Africana (PSA) que atingiu, sobretudo, a China. Dessa forma, entre 2016 e 2023, o valor bruto da produção da pecuária aumentou 14,6%, de acordo com as estimativas do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA).

Agroindústria

 Já a agroindústria registrou um desempenho menos favorável do que a atividade “dentro da porteira”, sendo fortemente impactada pela greve dos caminhoneiros e pela pandemia. Com isso, a produção agroindustrial, em 2023 (até o segundo trimestre) está abaixo do patamar de produção de 2016 (-4,4%), de acordo com os dados do Índice de Produção Agroindustrial (PIMAgro), do Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getulio Vargas (FGV Agro).

O fato é que o bom momento da atividade agropecuária e uma maior dificuldade da agroindústria refletiu no mercado de trabalho desses setores. O estudo foi realizado com base nos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), do IBGE. 


Oferta de trabalho está menor


De acordo com o Instituto, não houve expansão no número de postos de trabalho no campo. A oferta de trabalho, aliás, está menor. Entre 2016 e 2023, foram perdidos 558,0 mil postos de trabalho, o que equivale a uma contratação de 3,9%. No segundo trimestre de 2016, havia 14,34 milhões de pessoas ocupadas, no mesmo período de 2023, passou para 13,78 milhões.


Agropecuária

 

A agropecuária foi a grande responsável pela contração de vagas no universo agro, uma vez que perdeu 889,2 mil ocupações(-9,6%). Essa queda foi puxada tanto pela agricultura (-9,7%ou -583,3 mil), quanto pela pecuária (-9,5% ou -306,0mil).

 

Por sua vez, a agroindústria gerou 331,2 mil postos de trabalho (alta de 6,5%), porém, não foi suficiente para compensar a queda registrada pela agropecuária. A geração de vagas na agroindústria foi derivada tanto do segmento de produtos alimentícios e bebidas (+18,2%ou +294,2 mil) quanto do segmento de produtos não-alimentícios 1 (+1,1%ou +37,1 mil).
 

Mais qualidade

Por outro lado, houve aumento da qualidade dos postos de trabalho.  A queda da população ocupada no universo agro foi causada, exclusivamente, pela redução de postos de trabalho informal (-10,3% ou -924,3 mil). As vagas formais, por sua vez, registraram expansão, de 6,8%, o que corresponde a 366,3 mil novos postos de trabalho.

 

Com isso, no segundo trimestre de 2023, o agro atingiu o maior número de pessoas ocupadas em vagas formais (5,7 milhões) e a maior taxa de formalidade (41,5%) para o segundo trimestre, considerando toda a série histórica disponível, iniciada em 2016.

 Ou seja, o mercado de trabalho no universo agro ficou menor ao longo do tempo, porém, com maior qualidade, uma vez que os profissionais formalizados possuem maiores direitos trabalhistas, maior estabilidade e melhores remunerações.

 

Formalização condicionou a remuneração

A maior formalização do trabalho fez com que a remuneração crescesse mais do que a média de todos os setores da economia. Isto é, entre o segundo trimestre de 2016 e o mesmo de 2023, a remuneração média paga aos trabalhadores do agro cresceu, em termos reais,12,6%, passando de R$ 1.793,69 para R$ 2.018,99.  

Com isso, ao longo do tempo, diminuiu a diferença entre a remuneração paga no universo agro e a remuneração média de todos os setores da economia. Em 2016, o trabalhador do universo agro recebia 66,0% da remuneração média brasileira; em 2023, essa razão foi para 71,2%.

 A alta da remuneração no universo agro foi puxada, exclusivamente, pela agropecuária, que registrou crescimento de 24,4% na remuneração média mensal entre 2016 e 2022.

Com isso, em 2023, alcançou o maior patamar de remuneração para o segundo trimestre da série histórica, que foi de R$1.869,38. Dentro da porteira, o aumento da remuneração foi generalizado entre seus segmentos, crescendo muito mais do que o registrado pelo mercado de trabalho brasileiro, que foi de 4,3%:


Pecuária: a remuneração aumentou 22,3%, passando de R$ 1.687,42 para R$ 2.063,66 – também é o maior valor da série histórica para o segundo trimestre.

Agricultura: a remuneração aumentou 25,9%, passando de R$ 1.400,94 para R$ 1.764,22. É a maior remuneração para o segundo trimestre da série histórica.

A agroindústria, por sua vez, não registrou aumento da sua remuneração média mensal. Porém, a queda foi derivada, exclusivamente, do segmento de produtos alimentícios e bebidas, cuja remuneração contraiu 6,9% no período. O segmento de produtos não- alimentícios, por sua vez, registrou um crescimento de 1,0% em sua remuneração média mensal.
 

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Quem tem mobilidade, tem mais chance

Rudney Pereira Júnior: 'mobilidade'



O especialista em Recursos Humanos, sócio-diretor da BR Talent Consultoria, Rudney Pereira Júnior, lembra que o agro tem sido a locomotiva das nossas exportações nos últimos anos, especialmente as chamadas commodities. E isso, na opinião, dele movimenta o mercado de trabalho no campo. “As oportunidades são enormes para a cadeia do agro - seja na soja, no leite ou no café. Ganha que tiver disponibilidade de mudanças. Mora no Rio Grande do Sul, mas recebeu uma proposta para ir para o Mato Grosso, por exemplo. E também quem estiver com a cabeça aberta para acompanhar as transformações que estão ocorrendo nesse universo, com novas capacitações e o desenvolvimento de novas competências”.


Vagas do Agro

O Portal Vagas do Agro divulga oportunidades de trabalho ou estágio relacionadas ao agronegócio e recebe cadastros de currículos de profissionais e estudantes que estão em busca de recolocação no mercado de trabalho ou até mesmo de uma primeira oportunidade. Através da plataforma, produtores, empresas, instituições de ensino rurais e candidatos às vagas podem se encontrar. O Portal não realiza processo seletivo e nem mesmo contratações.

Funciona assim:

PRODUTORES/EMPRESAS/INSTITUIÇÕES DE ENSINO se cadastram no Portal e divulgam suas vagas de trabalho ou estágio relacionadas ao agronegócio.

CANDIDATOS (profissionais e estudantes) fazem o cadastro do seu currículo e podem se candidatar às oportunidades divulgadas, conforme seu perfil e interesse. Os currículos dos candidatos ficarão disponíveis para consultas pelos PRODUTORES/EMPRESAS/INSTITUIÇÕES DE ENSINO cadastrados. Se o currículo estiver no perfil procurado, eles poderão entrar em contato para dar andamento no processo seletivo.





 





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