Empreendedorismo Social: a “virada de chave” das ONGs
Empreendedores sociais entenderam ser preciso muito mais do que propósito para se fundar um projeto; somente com gestão empresarial é possível, hoje, se ter uma ONG que gere impacto real e sobreviva
Durante esses 23 anos em que tenho atuado na área de responsabilidade social, conheci diversas histórias e motivações que levaram as pessoas a fundarem suas ONGs tais como; abuso sexual, autismo, saúde mental, drogas, doenças raras, cristianismo, voluntariado, pobreza extrema dentre muitas outras causas. A verdade é que a maior parte das ONGs nasce da dor ou do amor, o que faz com que a maioria não possua uma gestão profissional, o que compromete não só o serviço oferecido como também a saúde financeira, física e mental dos seus fundadores.
Atualmente, existem no Brasil, 815.676 ONGs que, conforme o código civil e de acordo com a lei 13.019/14, “são todas as instituições sem fins lucrativos formalizadas no País, ou seja, aquelas que são constituídas como associações, fundações privadas e organizações religiosas”.
A gestão ineficiente de muitas ONGs, por falta de capacidade técnica ou casos de corrupção, fez com que a sociedade civil questionasse a importância, o papel e a legitimidade das mesmas para com a transformação social. Contudo, em um mundo cada vez mais preocupado com as questões de diversidade, inclusão, sociais e climáticas, as ONGs alcançaram um novo patamar de importância na estratégia ESG de muitas empresas.
Toda essa mudança de cenário fez com que nascesse uma nova categoria de fundadores de ONGs, os empreendedores sociais, pessoas que entenderam ser preciso muito mais do que ter um propósito para se fundar um projeto; somente com uma gestão empresarial é possível, hoje, se ter uma ONG que gere impacto real e sobreviva nesse “mercado” cada vez mais competitivo por recursos privados.
Sobre essa mudança de papel das ONGs e a necessidade de profissionalização das mesmas, escreveu muito bem Lívia Furtado, advogada especializada em Terceiro Setor. Quando li sua publicação, pedi autorização para compartilhar com vocês, afinal, nosso objetivo aqui na coluna é sempre te fazer refletir sobre a importância da responsabilidade social para a construção de um mundo com mais oportunidades.
Empreendedorismo Social: a chave para o impacto social efetivo
Por Lívia Furtado
No cenário de organizações do Terceiro Setor, onde a busca por impacto social é o horizonte comum, há algo que me instiga profundamente: o empreendedorismo social.
Ainda hoje, muitas pessoas relacionam a ação social a meros gestos de caridade esporádica ou respostas a situações emergenciais. Essas ações, indiscutivelmente importantes para a sociedade, são apenas uma parte do cenário. O que desejo destacar é a dimensão do empreendedorismo social, onde dedicação e planejamento resultam em transformação efetiva.
Minha jornada próxima aos agentes de transformação social tem me ensinado uma lição valiosa: a transformação que impulsiona o crescimento e o fortalecimento das organizações da sociedade civil, comumente conhecidas como ONGs, inicia-se quando os próprios agentes mudam a própria mentalidade e passam a se reconhecer como empreendedores sociais.
É certo que empreender não é tarefa fácil, mas é algo grandioso. Por meio do trabalho constante, organizado, planejado e direcionado é possível mudar a própria realidade e da sociedade.
O instrumento mais utilizado para empreender no setor social é a constituição de uma pessoa jurídica sem fins lucrativos. Por isso, antes de montar uma ONG é necessário ter a consciência e os recursos necessários para empreender. E para aqueles que já embarcaram nessa jornada, é importante a manutenção de uma mentalidade empreendedora.
Inclusive, a busca por fontes de captação de recursos - doações, parcerias, recursos públicos, recursos privados, prestação de serviços, vendas, atuação em rede - precisa ser uma estratégia empreendedora e planejada, a fim de que esteja alinhada aos valores e princípios da organização.
Neste cenário, onde o empreendedorismo social é a chave para efetivas transformações sociais, somos desafiados a romper com as limitações da atuação amadora e a abraçar uma visão mais comprometida com a profissionalização. O Terceiro Setor é um terreno fértil para aliar inovação, agenda ESG e transformação social.
Lívia Furtado
Advogada especializada em Terceiro Setor
@terceirosetorconsultoria
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