Caminhoneiros e motoristas relatam rotina de tensão em viagens na BR-040
Reportagem da Itatiaia conversou com quem trafega diariamente pela rodovia, marcada pelo trânsito pesado de caminhões
Motoristas e caminhoneiros que costumam trafegar pela BR-040, uma das principais estradas que cortam Minas Gerais, relatam uma rotina de tensão, acidentes e falta de sinalização. Além disso, dizem sofrer com uma falta de alternativa para a retirada de veículos pesados do dia-a-dia da rodovia.
"A rodovia que mais mata, hoje, no Brasil, é a BR-040. A faixa do acostamento já está em cima da canaleta. Você não tem uma saída para a direita ali, não tem nada, não tem segurança nenhuma. Você não enxerga nada, não tem sinalização direito porque o minério toma conta da pista. Eu coloco que, ali, 60% da culpa dos acidentes é da via e 40% dos motoristas, porque tem alguns ali que são irresponsáveis", relata um caminhoneiro, que preferiu não se identificar à reportagem.
Nos últimos dias, a Itatiaia trafegou por vias de mineradoras, nas proximidades de Itabirito, na região Central. Essas estradas, na avaliação de prefeitos de municípios próximos poderiam ser uma rota de escoamento para a passagem dos veículos pesados que transportam minério. No entanto, a falta de pavimentação, a poeira e a quantidade de curvas são alguns dos obstáculos apontados pelo profissional.
Confira a 1º matéria da série especial: Com traçado antigo, BR-040 vira via de escoamento de minério e prejudica motoristas e cidades históricas
Confira a 2ª matéria da série especial: Prefeitos cobram soluções para retirada de carretas de minério das BRs-040 e 356
"Eu passei lá e é uma estrada cheia de curva, tem caminhões da Vale que transitam lá. É uma estrada bem cheia de curva, que pega dentro da Vale [na mina do Pico] e sai lá na mina de Fábrica. Tem uma outra estrada que liga dentro de Itabirito e sai em Engenheiro Correia. É uma estrada de chão e as mineradoras também bloquearam outros caminhões de passagem por ali. Ela sai lá na estrada de Ouro Branco. A estrada também é muito apertada e tem lugar que não passam dois caminhões. Para essa estrada ser trafegada, tem que trabalhar nela", conta o caminhoneiro.
Os trechos que podem ligar as BRs até as ferrovias e, dessa forma, desafogar rodovias como a BR-040 e a 356 pertencem a mineradoras. Caso as vias alternativas fossem utilizadas, o caminho seria mais curto.
O caminhoneiro ouvido pela reportagem denuncia que, se alguém passar pelas vias que já existem, será impedido. E o alto volume de carretas nas BRs indo para o mesmo lugar, causa filas enormes.
"Na verdade, o caminhoneiro terceiro não passa lá. Ali só roda os caminhões da Vale. É uma estrada restrita deles mesmo. Mas tem como, se a Vale quiser colocar os caminhões para rodarem lá dentro tem como. É igual a fila para descarregar lá, você fica de quatro a seis horas, de relógio, para descarregar", conta.
O empresário Wellington Azevedo contou à Itatiaia que dirige quase todos os dias pela BR-040.
"É muito perigosa, eu ando todo dia, né? O trecho que eu desço e volto, diariamente, vejo muitos acidentes e muito motorista imprudente. Além da alta velocidade, ela também solta aquelas pedrinhas. Só o meu para-brisa já tive que trocar três vezes", conta.
O eletricista Adão Leal trabalha em um restaurante que fica às margens da rodovia e cobra a duplicação.
"Ela é uma BR perigosa depois que acaba o trecho duplicado, após o trevo de Itabirito se torna uma BR muito perigosa. Acho [que a solução] seria duplicar mesmo e o motorista ter muita atenção", sugere.
O caminhoneiro João Batista, que trabalha há quase 30 anos na estrada e percorre, com regularidade, a rota São Paulo/Minas, diz que a sensação que tem é que a maior parte dos acidentes é com carretas que transportam minério. E lembra que em, São Paulo, existem rodovias exclusivas para carretas.
"Tem muito acidente com o pessoal do minério, porque eles estão em maior parte, né? Mas eu posso citar a rodovia Anchieta e Imigrantes que desce para Santos. A rodovia Imigrantes só desce carro de passeio e a rodovia Anchieta é própria pra descer caminhão", explica.
Em nota, a Via 040, que administra a BR-040, diz que vem realizando melhorias no trecho citado desde 2014. Procurada, a Vale disse estar à disposição do poder público e demais entidades para buscar soluções que promovam mais segurança e bem-estar da população. A mineradora também diz que a ferrovia é o principal modal de transporte da empresa. A mineradora não quis gravar entrevista.
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