Esclerose Múltipla: entenda a doença que acomete atriz da Netflix
Selma Blair e Christina Applegate foram diagnosticadas com a doença nos últimos anos; entenda o que é e quais são os sintomas da esclerose múltipla
Diagnosticada com esclerose múltipla em 2021, a atriz estadunidense Christina Applegate anunciou recentemente que irá se aposentar. Com um currículo repleto de grandes produções, o último projeto da artista foi a série do streaming Netflix "Disque Amiga Para Matar", que teve seu último episódio lançado no ano passado.
Em entrevista à revista Vanity Fair, a artista revelou que sente falta da equipe com a qual trabalhou na série, mas que ao mesmo tempo, se sente aliviada de não ter mais que cumprir com os compromissos da filmagem. "Eu acredito que precisava ficar longe de tudo, sabe? Eu sinto falta dos meus amigos. Eu sinto falta de Linda. Sinto falta de Liz. Sinto falta de James. Eu sinto falta da experiência, mas ao mesmo tempo, porque foi tão difícil ano passado, eu estou aliviada que eu já não preciso me esforçar tanto para dar conta do meu dia.”
A atriz começou a desconfiar que estava doente ao conversar com a amiga, que também é diagnosticada com esclerose múltipla, Selma Blair. "Eu estava sentada na sala de estar de Selma, nossas crianças estavam brincando, e eu disse para Selma que eu estava sentindo esse formigamento estranho no meu pé", conta. A amiga teria aconselhado Christina a fazer os exames.
No caso de Selma, que também é uma grande atriz de Hollywood, o processo para descoberta da doença foi muito mais complexo. De acordo com a artista, ela já sofria com sintomas de esclerose múltipla desde os 7 anos de idade, mas apenas recebeu o diagnóstico aos 46 anos. Na infância, ela chegou a perder temporariamente a visão do olho direito, o controle da bexiga e costumava ter crises de riso no meio da noite, mas, na época, foi diagnosticada apenas como uma “garota que queria chamar a atenção”.
Blair destaca que o preconceito foi crucial para que o seu diagnóstico tenha sido feito de forma tão tardia. "Se você é um garoto com esses sintomas recebe uma ressonância magnética, se você é uma garota é chamada de louca", declarou. Por isso, a atriz utiliza sua relevância para poder auxiliar pessoas com esclerose múltipla.
Mas, afinal, o que é esclerose múltipla?
O neurocirurgião Felipe Mendes, que atua nos hospitais Felício Rocho e João XXIII, esclareceu alguns pontos sobre a doença à Itatiaia. “A esclerose múltipla é um tipo de doença autoimune que afeta o sistema nervoso central, tanto o cérebro quanto a medula espinhal. Nessa doença, o sistema imune ataca poções de células do próprio corpo", destacou.
"No caso da esclerose múltipla, o sistema imunológico ataca a bainha de mielina que é um revestimento de gordura que reveste as fibras dos nervos e, com isso, acaba ocorrendo uma falha de comunicação entre os comandos que saem do cérebro e que precisam ir para o resto do corpo”, acrescentou o médico.
Sintomas
De acordo com o médico, os principais sintomas são:
Sensação de dormência ou formigamento dos membros;
Sensação de dormência espalhada pelo corpo;
Dificuldade de movimentar um lado do corpo;
Dificuldade para andar - ataxia;
Dificuldades de fala;
Sensação de choque ao movimentar o pescoço;
Falta de coordenação;
Alterações na visão;
Dor no olho direito ou esquerdo;
Percepção de visão dupla;
Tontura .
Já os sintomas mais sutis são:
Alterações de humor;
Quadros de ansiedade;
Depressão;
Fadiga e cansaço crônico.
O que causa a esclerose múltipla?
Segundo o neurologista, não há uma explicação definida sobre o causador doença. “Estudos colocam que há uma interação complexa entre fatores genéticos e fatores ambientais, e que a interação entre esses fatores pode fazer parte do acometimento da doença. Estudos epidemiológicos colocam que, aquelas pessoas que têm nível baixo de vitamina D, que fumam, que possuem histórico de obesidade na infância ou histórico de infecção por alguns vírus, como o Epstein Barr, podem estar um pouco mais predispostas a ter a doença”, esclarece.
A esclerose múltipla tem cura?
De acordo como médico, a doença ainda não possui uma cura. "Porém, hoje existem vários tratamentos bem estabelecidos que fazem com que a doença seja controlada e que as pessoas tenham uma qualidade de vida satisfatória", explica.
Mendes ressalta que, quando o tratamento é feito de forma adequada e com acompanhamento regular, os pacientes conseguem ter uma vida normal. Como, por exemplo, "realizar atividades físicas, cumprir uma agenda de rotina do trabalho, se relacionar e ter filhos".
Este é o caso de Selma Blair que consegue conviver com a doença e realizar atividades cotidianas. A atriz chegou a participar do programa de competição de dança estadunidense, “Dancing With The Stars”, e conseguiu entregar grandes performances. No entanto, Selma optou por deixar o programa após competir em algumas etapas por causa do esforço excessivo que poderia comprometer sua saúde.
Inclusive, o neurocirurgião destaca que se a doença não for tratada adequadamente o paciente pode ter um "acúmulo de déficits". "Então, a pessoa acaba perdendo a movimentação dos braços, das pernas, dificuldade ou incapacidade de controlar urina e fezes, além da dificuldade de engolir", esclarece.
Ele acrescenta: "A partir do momento que a pessoa fica mais debilitada e mais acamada, isso pode favorecer o surgimento de outros problemas, como pneumonia, infecções urinárias, úlceras, lesões de pressão que, a longo prazo, se forem repetitivas e constantes, podem acabar se transformando em condições mais sérias e talvez levar ao óbito".
(Sob supervisão de Patrícia Marques)
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