Família de mulher morta em briga por ar-condicionado alega feminicídio: 'ela sabia que ia morrer'
O corpo está sendo velado no Cemitério Belo Vale, em Santa Luzia, na Grande BH

O corpo de Jussara Ferreira de Almeida Cabral, de 53 anos, está sendo velado nesta quarta-feira (29) no Cemitério Belo Vale, em Santa Luzia, na Grande BH. Ela foi morta a tiros pelo marido, ex-policial penal, de 49 anos, nesta segunda-feira (27) após uma suposta briga relacionada à temperatura do ar-condicionado do quarto onde estavam.
O homem, que havia sido preso pelo crime, foi solto após audiência de custódia realizada nessa terça-feira (28). Na ocasião, ele alegou legítima defesa e disse que estava deitado na cama com a mulher, quando ela puxou uma arma e atirou nele. Os dois teriam entrado em uma luta corporal e a arma disparado contra a mulher. A Justiça acolheu o argumento e concedeu liberdade provisória.
A família da vitima afirma que esse caso é um feminicídio, sendo que o homem teria matado a companheira porque ela queria terminar o relacionamento depois de ser abusada e agredida. Em conversa com a reportagem da Itatiaia, a sobrinha da vítima conta sobre os abusos e violências sofridas.
"Ele não matou minha tia ontem não. Ele vem matando ela aos poucos, há muitos anos. Tortura não é só física, a psicológica é pior. Ela não tinha o direito de ver a filha, só via escondida na porta do condomínio, se ele soubesse [que estavam se vendo], brigava com ela. Quando tinha telefone fixo na casa, ele atendia, colocava no ouvido, percebia que era a gente e desligava. Ela perdeu o brilho, a vontade de viver, ela só tinha coragem de conversar com a gente quando estava no serviço, ela vivia como uma prisioneira", relata.
A sobrinha conta que Jussara recebia constantes ameaças de morte do suspeito, que dizia que mataria ela e a filha caso tentassem fugir. A mulher, que mora em outro estado, conversava com a tia com intuito dela deixar Minas e recomeçar a vida ao lado dela.
"Ela me prometeu: 'falta um mês, tô esperando o dinheiro sair', e esse desgraçado mata ela. Ela não vai ver o neto crescer, ela sabia que ia morrer. Ela me fez prometer tantas vezes que se algo acontecesse eu cuidaria do Lucas e da filha dela. Eu falava que não ia acontecer nada, mas aconteceu", desabafa.
Liberdade provisória
A liberdade provisória concedida pela Justiça após audiência de custódia revoltou os familiares, que pedem por Justiça e questionam a decisão.
"Por que a palavra da mulher não vale nada e dele vale? A gente está aqui com um corpo dentro do caixão. A palavra dele está valendo mais que a nossa?", questiona.
"O mínimo que queremos é que seja feita a justiça, minha tia não vai estar mais com a gente. Ela salvava tantas vidas, tinha orgulho de ser socorrista, mas acabou com um apartamento com um tiro da pessoa que era pra amar e proteger ela", conclui.
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