Empresas mudam olhar para profissionais com 50 anos ou mais
Contrapondo o senso comum, profissionais dessa faixa etária agregam maturidade, leveza e inovação ao mercado de trabalho
Eles começaram a trabalhar quando pouca gente imaginava o impacto que a internet teria hoje, e viram as próprias carreiras se adaptarem às mudanças tecnológicas. Aos 56 anos, Alessandra Levcovitz é Gerente de Automação de Canais. Marcelo Rocha, 50, atua como coordenador de processos de Recursos Humanos. Trajetórias bem diferentes que se aproximam: eles não têm planos de sair do mercado de trabalho tão cedo e alimentam grandes sonhos para suas carreiras.
À Itatiaia, Levcovitz conta que não vê sentido nos estereótipos que, muitas vezes, associam as pessoas mais velhas à falta de habilidade com a tecnologia. "Com o amadurecimento, a gente aprende a enfrentar os comentários que surgem. 'Ah, mas uma pessoa 50 mais, qual é a habilidade dela com a tecnologia'. Eu sou formada na área de tecnologia da informação", comenta.
A profissional vê na fome de aprender e de desenvolver habilidades a razão de chefiar uma área da tecnologia, fundamental para o setor de automação de canais no Banco Mercantil, onde trabalha há 24 anos.

Marcelo Rocha também ama o que faz. Além de coordenador de processos de Recursos Humanos, ele também trabalhava como professor universitário e sonha em voltar para a sala de aula. Entrou no Mercantil quando tinha 19 anos, em 1992.
Assim como Alessandra, Rocha vê o passar do tempo como uma forma de acumular conhecimento. O profissional conta à Itatiaia que continua sendo desafiado a aprender a cada dia. "Já fui desafiado com algumas coisas que não eram do meu conhecimento e eu tive que correr atrás da informação e absorver o conhecimento para conseguir contribuir", explica.
Para ele, o envelhecimento trouxe mais serenidade para lidar com os conflitos e questões que costumam aparecer no ambiente de trabalho. "Quando a gente é mais novo a gente tende a ter o senso de urgência, e às vezes, ele fala mais alto e atropela na hora de tomar algumas decisões. Eu consegui, com o tempo, ter mais serenidade para entender alguns desafios", afirma.
Durante todos os anos de carreira, Alessandra conviveu com os percalços do preconceito associado a sua jornada profissional. No início, comentários maldosos se concentravam em sua escolha profissional, agora, eles recebem uma nova camada devido ao envelhecimento. "Eu sou uma pessoa de 56 anos que, na época, decidi ir para área de TI porque era uma área extremamente inovadora. Me arrisquei uma área que era pouco conhecida e tinha uma participação muito pequena de mulheres", conta.
Mercado de trabalho
Em 2021, o Ministério do Trabalho e Previdência informou que a idade média de aposentadoria dos brasileiros era de 60,7 anos. Diante dessa realidade, tanto Alessandra quanto Marcelo, hoje, já poderiam estar se preparando para deixar o mercado de trabalho, mas eles mostram que estão longe de fazer essa escolha.
Eles pertencem a uma parcela de pessoas 50+ que se encontram em uma posição privilegiada. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Governo Federal (Caged), neste ano, a única faixa que tem mais pessoas demitidas que contratadas é a de pessoas acima de 50 anos. Em todas as outras há mais contratados que demitidos.
Na contramão do mercado, o Mercantil tem implementado uma série de políticas para a contratação de pessoas nessa faixa etária. Para Priscilla Lopes, Gerente de Talentos e Cultura do banco, a presença dessas pessoas no mercado de trabalho é muito benéfica para as empresas. "Ter um público que é mais experiente e que traz personalidade muito mais serenidade para tratar dos problemas é muito importante. Quanto mais experiência de trabalho e pessoal um profissional tem, ele certamente ele vai ajudar os colaboradores mais novos resolver os problemas de uma forma mais efetiva"

Futuro
Mesmo que, no futuro, Alessandra se aposente, ela vê o tempo livre com uma possibilidade de se dedicar a trabalhos voluntários. " Um desejo que eu tenho de é de ser produtiva trabalhando, mas preferencialmente fazendo um bem para o outro e gosto e quero continuar ativa." A gerente de automação se prepara para a longevidade mantendo o corpo ativo. "O exercício é essencial. Seja cerebral, seja físico. Precisamos de encontrar alguma coisa que não seja só o lazer porque senão a gente não consegue manter a mente ativa e ligada", aconselha.
*Sob supervisão de Marina Borges
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