OAB diz que vídeos de estudantes em masturbação são 'perturbadores' e cobra investigação
Alunos de medicina ficaram pelados e cometeram ato libidinoso contra mulheres, em São Paulo
A presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB de São Paulo, Isabela Castro, afirmou em entrevista à Itatiaia, na tarde desta segunda-feira (18), que os vídeos em que estudantes de medicina da Universidade Santo Amaro (Unisa) aparecem fazendo masturbação coletiva durante um jogo feminino de vôlei são "perturbadoras". Ela também cobrou uma investigação por parte da Polícia Civil e do Ministério Público de São Paulo (MP-SP).
"Os vídeos são perturbadores. Eles demonstram claramente a falta de respeito com relação à mulher na nossa sociedade, a objetificação total da mulher. Esses homens se preocupam com o prazer próprio e não respeitam aquelas pessoas que estavam ali e que eram vítimas desse ato. Uma situação absurda e que demonstra o quanto a gente está longe de uma igualdade de gênero", disse.
De acordo com a presidente da comissão da OAB, o caso pode ser enquadrado como importunação sexual, que tem pena prevista de um a cinco anos de prisão. "Esse crime foi tipificado em 2018. A prática contra alguém, sem a sua anuência, de ato libidinoso. Me parece que foi exatamente isso que aconteceu", explicou Isabela.
Na avaliação dela, diante da gravidade do caso e da proporção que tomou, a investigação deveria partir da Polícia Civil ou do Ministério Público, já que, até o momento, não houve denúncia por parte das vítimas. "Essa apuração é necessária como prestação de contas para a sociedade, que não pode assistir inerte a essa demonstração de desrespeito", indicou.
"A gente não pode ter profissionais que acham que podem fazer aquilo que eles querem sem consequência. São futuros médicos, vão estar lidando com a saúde pública, com questões muito íntimas das pessoas, e eles precisam ter essa consciência de respeito", destacou a presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB-SP.
O que dizem a Polícia Civil e o MP-SP
A reportagem entrou em contato com as Polícia Civil e o MP-SP sobre o caso. Em nota, a polícia afirmou que "assim que tomou conhecimento dos fatos, iniciou diligências para apurar o ocorrido. A Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de São Carlos já iniciou as investigações para o total esclarecimento dos fatos".
Leia mais
Ministério das Mulheres repudia caso de estudantes de medicina em 'masturbação coletiva'
'Expulsão é pouco', diz coronel sobre estudantes que fizeram 'masturbação coletiva'
Também por meio de nota, o MP-SP afirmou que "até o momento, a Promotoria de Justiça de São Carlos não foi provocada sobre o assunto".
Entenda o caso
As imagens do grupo de estudantes fazendo "masturbação coletiva" durante um jogo de vôlei feminino e também comemorando na quadra com as calças abaixadas viralizaram nas redes sociais nesse fim de semana.
Porém, o caso aconteceu em um evento chamado Calomed, de acordo com uma nota enviada à Itatiaia pelo Centro Universitário São Camilo, instituição a qual pertencem as alunas do time de vôlei.
Os jogos entre faculdades de medicina foram em São Carlos, no interior de São Paulo, entre os dias 28 de abril e 1º de maio deste ano.
"[...] em abril deste ano [a Atlética do curso de medicina] participou de outro evento esportivo chamado Calomed, quando nossas alunas disputaram um jogo contra a equipe da Unisa. Os alunos da Unisa, saindo vitoriosos, segundo relatos coletados, comemoraram correndo desnudos pela quadra", informou a nota.
Ainda segundo o Centro Universitário São Camilo, "não foi não foi registrada, naquele momento, nenhuma observação por parte das nossas alunas referente à importunação sexual". No comunicado, a instituição esclareceu que apoia todos os alunos e que "não compactua com quaisquer atos que possam atentar contra o pudor e os bons costumes".
Por meio de nota, a A Associação Atlética Acadêmica José Douglas Dallora (AAAJDD), do curso de medicina da Universidade Santo Amaro, também afirmou que os vídeos não são recentes. "As filmagens circuladas pela mídia não são contemporâneas e não representam os princípios e valores pregados pela AAAJDD", explica.
"Não toleramos ou compactuamos com qualquer ato de abuso ou discriminatório. Assim, atletas, torcedores, equipe técnica e todos os envolvidos em nossas competições e eventos são, por nós, incentivados sempre a terem comportamentos pautados em princípios éticos e sociais em que prevaleçam o respeito, a inclusão e igualdade", afirma o comunicado.
A reportagem tentou contato com a Universidade Santo Amaro, mas não houve retorno.
Participe do canal da Itatiaia no Whatsapp e receba as principais notícias do dia direto no seu celular. Clique aqui e se inscreva.
Leia Mais
Colunistas
Mais lidas do dia
Av. Barão Homem de Melo, 2222 - Estoril Belo Horizonte, MG
T.(31)21053588
Todos os direitos reservados © 2022 itatiaia.