Propósito e escolhas

Na semana em que celebro 42 anos de vida fiquei pensando em como sou privilegiada por ter descoberto meu propósito de vida já na infância. Eu tinha uns 5 anos e já sabia que queria “ajudar as pessoas” e comecei a fazer isso muito cedo, minha semanada era constantemente doada para as pessoas carentes que andavam pela Savassi em Belo Horizonte onde eu residia. O mais inusitado é que muito católica por influência da minha avó materna, aos 10 anos comecei a frequentar a Igreja São Bento e foi lá que fiz duas descobertas interessantes: que eu era cantora lírica nata e queria cada vez ajudar mais as pessoas carentes, o que me levou até a pensar em seguir a carreira de freira. Bem, a carreira de freira ficou no passado, mas o propósito de ajudar as pessoas segue cada vez mais forte e me fez chegar a lugares jamais por mim imaginados.

Muito tem se falado sobre propósito na vida pessoal e nas organizações, alguns acreditam que essa palavra tem sentido complexo, quase utópico, mas a verdade é que o propósito faz morada nas coisas cotidianas, como por exemplo: dedicar-se a ser uma ótima mãe.

A maior parte das pessoas confundem propósito com sonhos e acredite, eles são bem diferentes. Os sonhos são mutáveis, eles variam conforme o momento em que você está passando na vida, sua idade, status de relacionamento e profissão. O propósito vai nortear suas escolhas diariamente em todos os âmbitos; na vida pessoal, familiar e profissional.

O propósito está diretamente ligado ao legado, ou seja, aquilo que você deixará à sociedade depois de partir. Por isso, tem sido tão falado inclusive nas organizações sobre a importância de se ter um propósito organizacional e muitos negócios conscientes já nascem de um propósito maior.

Eu adoro o autor do livro “ Comece pelo Porquê”, Simon Sinek, que também é criador da metodologia Golden Circle que utilizo nas minhas consultorias em Responsabilidade Social. Simon explica de forma simples porque algumas empresas são únicas enquanto outras no mesmo segmento acabam esquecidas, apesar de terem a mesma qualidade técnica, alguns exemplos são a Harley Davidson e o Google, que difundem primeiro o seu propósito e só depois os seus produtos.

Fato inegável é que pessoas que fazem o que amam e têm propósito, são mais felizes e eu sou a prova disso. Vou te contar como o simples propósito de ajudar as pessoas me fez fundar em 2018 uma empresa com o propósito de “ ajudar as empresas a ajudarem as pessoas”.

Me formei em jornalismo em 2010 na Faculdade Social da Bahia, sim, apesar de ser mineira eu morei em Salvador por três anos por causa de um projeto musical com a extinta banda de axé, Asa de Águia. Meu projeto de conclusão de curso deixou os professores empolgados: eu queria desenvolver um programa de rádio que não só informasse as pessoas com deficiência, como também se tornasse uma ferramenta de dignidade para aquelas pessoas geralmente invisíveis perante a sociedade. Foi assim, que nasceu o Programa Atitude, um projeto de conclusão de curso que mais tarde se tornou um quadro no extinto Programa BH Total da TV Balcão, no qual fui apresentadora e produtora, estudar sobre inclusão me fez também escrever para revistas e jornais sobre o tema que sou tão apaixonada. Eu não sei dizer nos meus quase 30 anos dedicados à música, quantos eventos eu cantei gratuitamente, quantas vezes eu levei alegria a pessoas internadas em hospitais através do meu talento artístico e como sou grata a Deus por isso!

Em 2001 a responsabilidade social virou rotina na minha vida, semanalmente eu atuava em projetos que cuidavam de moradores de rua, mas foi em 2014 que conheci a pessoa que me colocaria definitivamente no caminho do meu propósito: Sr Jairo Azevedo, fundador do Sistema Divina Providência. Como voluntária do Sistema, logo após cumprir o primeiro “desafio” a mim designado na instituição, fui convidada para ser Diretora Voluntária da ONG Cidade dos Meninos, literalmente um “caminho sem volta”. Desde então, o meu propósito foi me levando a novos desafios, até que em 2018, fundei a minha empresa Terceiro Olhar, Estratégia e Soluções em Responsabilidade Social. O negócio foi mudando, criamos novos produtos e soluções, mas sempre seguimos o propósito de “ajudar as empresas a ajudarem as pessoas” e acredite, temos tido muito sucesso nessa missão.

Parece clichê, mas sim, amar o que se faz é no mínimo contagiante!

Os resultados desse propósito de vida me fez em pouquíssimo tempo contribuir para que a Patrus Transportes tenha ganho um importante prêmio de sustentabilidade na área de logística em 2019, o Setcesp, através do programa de responsabilidade social reestruturado através da nossa consultoria junto a equipe do Instituto Marum Patrus, o Reformar (reforma de casa dos colaboradores), também participamos do Nono Prêmio República de Valorização do Ministério Público em 2021 para AMR (Associação Mineira de Reabilitação) através de um vídeo que doamos para a mesma sobre a semana de esportes radicais da esporteterapia. Os eventos e ações beneficentes produzidos pela Terceiro Olhar para diversas ONGs já arrecadaram mais de 3 milhões de reais e seguir o meu propósito me tornou colunista da Itatiaia.

“Ajudar as pessoas” fez os meus 42 anos de vida serem incríveis, com histórias inesquecíveis, me fez conhecer pessoas maravilhosas, projetos sociais diferenciados, me emocionar e entender o quão poderoso e transformador o propósito pode ser na nossa vida e de outras pessoas.

Por esse e outros motivos, ensinar como descobrir qual é o propósito das pessoas e organizações, têm sido um importante trabalho desenvolvido pela Terceiro Olhar.

Ajudar as pessoas e ajudar as empresas a ajudarem as pessoas, faz com que todos os dias a vida tenha muito mais sentido, além de me fazer sentir um orgulho enorme em saber que de alguma forma estou contribuindo na construção de empresas melhores, pessoas mais felizes e um mundo com mais oportunidades.

Esse é o meu grande legado!

E aí? Qual é o seu propósito?