O que significa o crescimento do PIB brasileiro no primeiro trimestre do ano?

O crescimento do PIB brasileiro no primeiro trimestre do ano foi bem acima do esperado. Os otimistas esperavam um crescimento de 1,3%, e o PIB cresceu 1,9%. O que turbinou o PIB brasileiro?

O agro. O setor agropecuário registrou um aumento de eficiência e de produtividade. A soja cresceu praticamente 25% em relação ao ano passado. A safra do milho cresceu 8,8%. Com isso, o setor agropecuário apresentou um crescimento de 21,6% e, mais uma vez, carregou a economia brasileira.

No ano passado, por questões climáticas, o agro não performou tão bem. E é bom lembrar que o crescimento do PIB no primeiro trimestre, em especial do setor agropecuário, foi plantado no ano passado — a soja plantada em setembro e outubro foi colhida agora.

Setores importantes, como a indústria, estão patinando. A indústria recuou 0,1%, e o setor de serviços, o principal gerador de empregos e com participação relativa mais forte na composição do PIB, cresceu 0,6% — e está desacelerando.

O que quero dizer? Quando olhamos o PIB pelo lado da oferta, a produção agrícola bateu mais uma safra recorde, explicando o crescimento do setor agropecuário. Mas, precisamos olhar também pelo lado da demanda, e por que a indústria e os serviços não performaram tão bem? Porque o consumo das famílias cresceu apenas 0,2%.

O consumo do governo cresceu 0,3%. O consumo das empresas, que compõe a formação bruta de capital fixo, teve um recuo de 3,4%. Esse número é muito importante porque mede o apetite do empresário — o consumo das empresas é o interesse em comprar novas máquinas, novos equipamentos para aumentar a produção. E isso não subiu.

Portanto, precisamos esperar. Comemorar? Sim. Mas, esse resultado não é garantia de que nos próximos trimestres o desempenho será tão forte; afinal, a safra já foi colhida e agora só no próximo ano.

Agora, olhamos para o desempenho de serviços e para o desempenho da indústria, que dependem muito da melhora das condições de consumo para crescer o consumo das famílias e, assim, garantia que a indústria venda mais e os serviços performem melhor. Isso dependerá da queda na taxa básica de juros que, por sua vez, dependerá da política fiscal convencer ou não o mercado. E essa política fiscal, assim como a reforma tributária, continua em votação no Senado.