Quando o mel é bom, a abelha sempre volta
Se tudo que é vivo morre, não é sobre o fim, mas sobre os meios
Existe destino? Essa é uma das questões que desafia a existência humana. Tentam responder a essa pergunta: religião, filosofia, arte, os três afluentes principais em que, ao longo de toda a história, navega a humanidade. Isso, hora jogada de um lado a outro pelo acaso, hora com a impressão de que há pessoas, situações e locais cujo encontro é inevitável.
É fato, quer se seja ateu, indiferente religioso ou se creia: somos um cadáver adiado. Disso já sabiam os clássicos ao recomendarem: "não leve a vida tão a sério, você não vai sair vivo dela mesmo". Já sabemos há muito tempo que o ponto de partida de quem possui uma posição madura diante do existir é a consciência de que tudo passa, de que a gente passa.
A questão, no entanto, se tudo que é vivo morre, não é sobre o fim, mas sobre os meios. Ou melhor, é sobre um sentido para essa breve jornada entre a maternidade e o túmulo. Qual, afinal, é o sentido para a vida? A razão para acordar? Qual o propósito da existência?
Para os gregos antigos, nascemos condenados. Basta ler sobre as Moiras, ou Édipo, Pandora e a gente tem a sensação de que há muito pouco espaço para ousadia. E, bom, num certo sentido, os gregos tinham razão. Cada um de nós traz, dentro de si, um dose de "ironia do destino". Ou você acha que é à toa o fato de a gente jurar de pé junto que nunca mais vai fazer isso ou aquilo e quando assusta está mordendo de novo? (hahaha).
Sei que há, por aí, pensamentos que apregoam acabar com as "contradições da humanidade". Prometem instituir, aqui, o que Dostoievsky chama de "Babel invertida", uma terra sem vícios de conduta, sem males. Sei também que hoje em dia se vende por aí que a liberdade é um "direito"! E que cada um pode ser o que quiser...
Me desculpe...Vou falar até baixinho: ledo engano. Temperamento é destino. Caráter é destino. Tem gente que é pra tomar cerveja, mas nem pense em emprestar dinheiro. Segue o conselho de Hamlet: nunca empreste dinheiro a amigos para não perder ambos! E na boa, se tiver que escolher alguém para confiar seus rendimentos, você vai escolher o cara "boça nova", que busca o filho às 16h, ou a chefe que tem sangue nos olhos, trabalha o dia todo e ama isso mais do que tudo?
Sim, há limites para nossas escolhas. Somos mais condicionados do que a gente imagina. Não dá para ser tudo o tempo todo. A questão é, para citar Nietzsche, amar as coisas como eles são.
Não viva uma vida que não é sua. Não amaldiçoe o destino. Não reclame que está com o(a) ex de novo, jurando que não "sabe o porquê" quando, como afirmam a filósofas da ressaca: "quando o mel é bom, a abelha sempre volta" (hahaha, contém ironia!).
Se a vida é "um eterno retorno do mesmo", conforme apregoa o pensamento nietzschiano, então amemos o que nos acontece. Não negar a realidade, num primeiro momento, aniquila, confronta, desafia. Mas depois, lembra o filósofo: do aniquilamento se passa à transformação, da transformação ao dever de amar a vida e a si mesmo, para não querer outra coisa...
"Se eu não for por mim, quem o será? Mas se eu for só por mim, que serei eu? Se não agora, quando?" Hilel.
Se diante de tudo isso, ainda permanecer a sensação de estar sendo zombada(o) pelo acaso ou pelo destino, acalme-se. Orgulhe-se por não estar anestesiado. Agradeça aos céus (como crente ou, num instante, como ateu não praticante hahahaha!) pelo desprezo da mentira social. A vida é vazio, sopro, vaidade das vaidades (hebel havilim) Ecl 1,2. "Qualquer um que não veja a vaidade da vida deve ser de fato muito vaidoso" Pascal.
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